“(…)Enfim, alegrias e trisezas, porque cada vez que falar de você e seguir lutando por todos, como você fazia, me parecerei mais com você e esses seus companheiros e agora meus filhos, que deram tudo, até a vida, por um mundo melhor.
Minha filha te prometo não deixar de lutar e seguir com ela até o último dia de minha vida.” Mercedes de Meroño (Porota)
As Madres de Plaza de Mayo (Mães da Praça de Maio) são uma associação de mulheres que se organizaram durante a ditadura na Argentina para protestar contra o desaparecimento de seus filhos e netos. Hoje, 34 anos depois da primeira manifestação e início da organização, as Madres continuam levando cartazes e protestando na Plaza de Mayo, em frente a Casa Rosada (sede do governo),todas as quintas-feiras, para que não se esqueçam daquelxs que desapareceram. Vê-las é emocionante…
Esta brasileira aqui, vinda de uma cultura do esquecimento, mal pôde acreditar ao ver o valor e a importância que ali se dá a memória. Não eram muitas mulheres como já fora antes, mas as pessoas da cidade, numa quinta-feira como qualquer outra, se juntavam a elas para dar força ao coro. Mais de uma vez chorei vendo aquelas senhoras caminhando com faixas dizendo coisas como “proibido esquecer”, para que o terror do que aconteceu não volte a se repetir e para direcionar sua energia para questões que vão beneficiar outras pessoas.
Então, impressionada com a manifestação fui parar em sua sede, onde descobri uma livraria pequena e com ótimo acervo aonde encontrei, dentre outras coisas, um livro com escritos em poesia e prosa e pinturas dessas mulheres admiráveis.
As imagens cheias de cores e temas variados carregam algo em comum: a prática da arte como forma de expressão e ponte para a superação de traumas. Pra quem lê essa frase com pedras na mão, não digo que a arte tem necessariamente essa característica, mas que, com certeza, é uma possibilidade. Basta pensar nas várias vertentes de arteterapia, musicoterapia, dançaterapia… nos trabalhos posteriores de Lygia Clark, na tragetória artística e de vida de Louise Bourgois, de Frida Kahlo, de tantas e tantos…
E se para a artista francesa Louise Bourgeois, “Arte é uma garantia de sanidade”, para as Madres de Plaza de Mayo, ao que parece, tanto a arte quanto a luta por direitos humanos são garantias de sanidade.
Tauana M.
para saber mais visite:
http://www.madres.org/navegar/nav.php
fonte:
ASSOCIACIÓN MADRES DE PLAZA DE MAYO. Pluma Revolucionária: Escritos e Pinturas de las Madres de Plaza de Mayo. Buenos Aires: Ediciones Madres de Plaza de Mayo, 2007.