O vídeo abaixo é uma reportagem que fala sobre as mulheres artistas de Angola, que contam com a galerista e artista Marcela Costa que ajudou a impulsionar a produção de algumas de suas conterrâneas.
O vídeo abaixo é uma reportagem que fala sobre as mulheres artistas de Angola, que contam com a galerista e artista Marcela Costa que ajudou a impulsionar a produção de algumas de suas conterrâneas.
O vídeo é uma linguagem desde o início impura, híbrida, que opera diversas vezes em cruzamentos com outras linguagens (MELLO, 2008). Uma dessa enorme gama de possibilidades foi chamada videoperformance, linguagem que o Dicionário de Novas Mídias define da seguinte forma: “Performance em que o artista incorpora uma filmadora ou equipamento de vídeo, e em que é dada à tecnologia uma posição tão proeminente quanto o corpo humano, como um complemento dele” (POISSANT, 2001 p.43-44).
Para Christine Mello (2008), a relação que se cria entre o/a performer e a câmera gera um terceiro corpo, meio máquina meio gente, de cuja síntese se tem a videoperformance. A partir daí pode-se pensar em uma possível diferença entre a videoperformance e o registro de performance, já que a primeira cria uma relação íntima do vídeo com o/a performer e a segunda pode ser feita mesmo sem seu conhecimento.
O registro seria, então, um mediador, um veículo para que se tenha acesso à ação, mesmo que de forma limitada, sem a amplitude toda do espaço, sem os cheiros, sem as energias presentes. A performance, nesse caso, seria o que aconteceu na frente da câmera.
A única vida da performance é no presente. A performance não pode ser salva, gravada, documentada, ou participar de outra forma na circulação de representações de representações: uma vez que o faz, ela se torna algo que não uma performance (PHELAN, 1993 p. 146)
De acordo com a definição de Louise Poussant, os casos de performances em telepresença poderiam ser classificadas como videoperformances, mas, se forem pensadas enquanto performances, servem para bagunçar um pouco a posição de Peggy Phelan.
De forma geral, no entanto, parece que os registros são uma forma de se ter contato com aquele trabalho por vias indiretas. De forma distinta, a videoperformance é pensada em relação ao vídeo, sendo este tão importante quanto a presença do corpo em si. O produto final, neste caso, não pode ser separado do vídeo, não existe sem ele.
A relação entre vídeo e performance vem de longa data, tendo sido muitas vezes o único mediador entre o trabalho e o público. Por todo o mundo houve diversas performances feitas em ateliês ou outros espaços reservados, com presença de poucas ou nenhuma pessoa (MELIN, 2008). No Brasil, essa prática foi bastante intensa a partir da década de 70, uma vez que o país se encontrava sob uma ditadura militar que reprimia severamente manifestações artísticas e de outras ordens. O vídeo foi, dessa forma, uma saída para que performers brasileiros continuassem produzindo seu trabalho. A prática do vídeo costumava, nesse primeiro momento, mostrar as ações de forma ininterrupta, permitindo um acesso mais próximo ao que seria a observação da performance em si. Com o passar do tempo, acabada a ditadura, as edições ficaram cada vez mais fragmentadas e dinâmicas, e as características da linguagem do vídeo foram cada vez mais exploradas (MELLO, 2008).
Tauana M.
(Texto retirado da monografia de graduação em bacharelado em artes plásticas)
Referências:
MELIM, Regina. Performance na artes visuais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
MELLO, Christiane. Extremidades do Vídeo. São Paulo: SENAC, 2008.
PHELAN, Peggy. The unmarked: the politics of performance. Londres: Routledge, 1993.
POISSANT, Louise. New Media Dictionary: Part II: Video. In Leonardo, v. 34 n. 1, fev. 2001. p. 41-44. Disponível em: http://muse.jhu.edu/journals/leonardo/v034/34.1dictionary.html
Para saber mais sobre o trabalho de Letícia Parente visite http://www.leticiaparente.net/
Vídeo de Passagens no. 1 de Anna Bella Geiger: http://www.youtube.com/watch?v=QfOU3UBImpg
Entrevista da artista brasileira Beth Moyses a respeito de seu trabalho. No vídeo veem-se cenas da performance “Memória do Afeto” realizada em frente a Catedral de Brasília, na Esplanada dos Ministérios.
+site da artista: http://www.bethmoyses.com.br
Trailer do documentário “I like girls in uniform” sobre a artista Coco Fusco e seu trabalho.
Ana C.